terça-feira, 17 de abril de 2012

Talvez




Talvez no apocalipse da minha existência, você tenha sobrevindo julgar meus vivos e meus mortos,
minhas mágoas, minhas dores,
antes do juízo final
e tenha me dado a parca ilusão
de anjo, arcanjo, querubim...

Quem sabe é um alquimista com cheiro de jasmim
a inebriar meu olfato carente
de sonhos, de calores, de gentes,
para deitar meus sentimentos no chão?

Talvez seja do seu bel-prazer
fazer-de-conta-de-amar-e-sofrer
como quem canta uma canção infantil
na intempérie calamitosa, quase a morrer,
imaginando-se num céu febril.

Talvez sempre encontre em seu olhar a verdade
cochichando para mim pequenos segredos,
amenos segredos, mórbidos segredos, velados ou intensos segredos.

Ou confessos.

Muitos.
Ou poucos de contar nos dedos.
Mas, a cada sílaba, uma lágrima de realidade.
Duas lágrimas, três lágrimas - por favor, um lenço...

Talvez um dia me pergunte quem sou,
e eu, pálida, me sentiria frustrar.
Então era mentira essa troca de olhar?
Mas seus corações pululam, claudicam,
bússolas e sonares me indicam
que sua alma é regida pela maré -
então eu lhe perguntarei quem é.

Se um dia o seu coração levar você embora,
leva consigo um pedacinho de mim
no bolso, no pingente ou num botão,
mesmo que depois jogue fora,
enterre no jardim
ou guarde no alçapão.

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Bem-Vindo tem hífen

Contador desde 26.03.2012

Olá! Estou trabalhando, pode entrar. Estou escrevendo um romance.

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