sábado, 16 de abril de 2016

Só Hoje


Hoje estou feliz. Mas como a felicidade em mim tem um sabor transitório, aproveito o máximo enquanto acredito nela, porque amanhã

 
 ela pode morrer na campainha da porta ou ser engolida pelo fio telefônico. Fazia tempo que eu não sentia uma brisa tão leve. Fico pensando que essas coisas de que falam os poetas não são mesmo invencionices piegas, são verdades palpáveis. A lua nos fala mesmo, a rosa é delicada, o mar é romântico e coisa e tal. E os ditados populares? Quem semeia vento colhe tempestade; água mole em pedra dura e tudo o mais; um amor se cura com outro; depois da tempestade vem a bonança; o primeiro amor a gente não esquece. Só não quero pensar hoje que tudo o que é bom dura pouco, porque, se for verdade, amanhã acaba a minha alegria. Descobri que a paz traz felicidade. Não é poético? Garanto que não. É concreto. A paz te traz tempo para ser feliz. A felicidade tem que ser gratuita, sem motivo, porque se for específica, torna-se curta. Quanto mais geral, mais longeva (minha palavra predileta).  Que seja longeva essa felicidade, que não é eufórica, porque, se o fosse, já haveria consumido meus sais. É evidente que vou dormir feliz acreditando que amanhã será igual a hoje, deletar do meu dicionário o  antônimo da minha dileta palavra. E se ela quiser me escapar, mantê-la-ei cativa, pois hoje eu sou a lei.
Sandrasselva

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Olá! Estou trabalhando, pode entrar. Estou escrevendo um romance.

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