sábado, 16 de abril de 2016

Crônica Exclusiva






Eu queria ser cronista. Tenho algumas ideias, mas o problema é que quero ser Veríssimo, pois tudo o que leio dele parece ter saído da minha cabeça. Ele é a conclusão do emaranhado de ideias desordenadas que levo comigo. Com certeza, envelhecerei sem colocá-las em uma frase que faça sentido, um sentido que ele coloca radiante e colorido no fato; eu tenho o fato, ou o sentido, ou o colorido.
Dia desses eu possuía só o colorido, 


o que me rendeu uma tela surrealista hoje exposta em minha sala. Quando tive um fato na mão, fiquei com medo que o Veríssimo descobrisse e o trancafiei na última gaveta de meu cérebro.
Com o tempo, vi o meu precioso fato num programa de humorismo muito bem representado por um outro Luís, com mais minúcias do que eu poderia imaginar. Aquele louro era meu.
Eu queria ser Veríssimo, mas me falta organização.
Já tive bem na minha mão, uma vez,  o sentido, pensei em que fato colocá-lo. Não serviu em nenhum; o sentido era maior do que o fato. Como contar o que minha filha fez sem parecer uma mãe escrevendo para Pais e Filhos? Como contar o que sinto diante da crise humana sem parecer que estou no consultório do psicanalista? Não sou muito boa em introduções ou grandes finais. Minhas introduções são poéticas. E como vou concluir arriscando que o leitor pergunte “E daí?”
Portanto, Veríssimo, quero oferecer-te meus préstimos. Posso te servir alguns cafezinhos entre uma página e outra e, de lambuja, dou-te uma palhinha. Beijos mil.
Sandrasselva




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Olá! Estou trabalhando, pode entrar. Estou escrevendo um romance.

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