É tão pouco o tempo
E tão longo tudo o que ficou.
Nem consegui gravar a tua face,
Não conheço o que dizes que és,
nem o que por acaso sentes.
Mas conheço o teu real,
e é nele que misturei
todas as marcas minhas,
o meu inconsciente ferido
e o consciente que levo vivo.
E é tão bom lembrar de ti,
e dolorido esse lembrar,
porque é lembrar de algo
que nem sequer existe,
mas algo que sempre insiste
em machucar, enlonquecer e ficar.
Juro, nem lembro teus detalhes
nem as marcas que mostram teu ser,
mas isso é apenas ver...
sem querer afundar em tua rede,
em tuas fomes, em tua sede,
no teu tão simples viver,
no teu singelo morar, amar, fumar...
aventurar, desejar e fazer sofrer.
Quem pode isso merecer?
Uma mendiga? Uma aventureira?
Uma vadia?
Ou alguém com quem falaste um dia
dos teus sucessos e desgostos?
E da tua vida fizeste um esboço
truncado, quebrado, incompleto,
e da minha vida saíste repleto
de todas as verdades contidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário